22 - A MINHA SALVADORA
Nadava Matsuba sem que ninguém o visse, solitário, como de costume, naquele espaço exíguo onde os pensamentos se faziam escutar. Ali estava o limbo branco e iluminado para onde Ana Carlota atraiu Damião. Espírito do rio sabia que só ela podia ser a responsável pela sua libertação. O avô Tomé aguardou anos pela oportunidade de pescar a mais antiga e famosa das carpas do rio, e esteve quase a concretizar esse seu sonho, não fosse a neta mais velha ter ficado indisposta e ter vomitado, aos jatos, para o interior da pequena embarcação. Tomé ficou assustado, primeiro, e pesaroso, depois, para além de ter ficado muito preocupado com a neta que não parava de vomitar. Matsuba aproveitou a oportunidade para fugir. Ela devia a sua vida à súbita indisposição de Ana Carlota, que nada teve de acidental. Espírito do rio nunca parava de nadar, a sua presença enchia o quarto misterioso. Ana Carlota permanecia desmaiada com Eduardo Damião agachado ao seu lado, sem saber o que fazer.