36 - ATÉ A FELICIDADE PODE SER FELIZ
Uma estrela brilhava no teto do quarto branco mais do que qualquer outra. Os astros foram ali colocados às dezenas por um mestre estucador para replicarem o firmamento. Os silvos das balas ainda eram audíveis e iam vencendo os intervalados silêncios. Os grandes olhos de Carlota olhavam para cima de cada vez que os escutava, miravam as constelações para relativizar a angústia. Ela tinha de ser capaz de sair daquele quarto onde se refugiara. Uma estrela, tal como uma casa, não fala, apesar do seu brilho fazer acreditar no contrário. A magnífica luminosidade matinal encheu o quarto de tranquilidade e paz, aqueceu-o onde antes o frio reinava, presenteando Carlota com uma mensagem que ela acreditava ter chegado do campo de batalha. – A guerra queima os olhos e devasta o coração dos homens destruindo-lhes a alma e a esperança. O calor entrava pela porta dizendo-lhe que tinha chegado a hora de sair daquele isolamento. O rio convocava-a, os dias cresciam, e acreditar no futuro ai