15 - QUEM SOU E O QUE FAÇO AQUI?
Tudo se transmutava, se transfigurava e derretia. Ana Carlota deixou de saber quem era, sentia-se uma perfeita desconhecida. Aquela continuava a ser a mais maravilhosa de todas as festas às quais tinha assistido. A orquestra tovaca de maneira irrepreensível, o vestido verde da bailarina era maravilhoso e destacava-se dos demais pelo tom e pela extrema leveza dos tecidos usados na sua confeção. No final, todos aplaudiram, os músicos agradeceram e a orquestra deu início ao Danúbio Azul com o qual terminariam a atuação. Era muito difícil tentar explicar este sonho. Ana Carlota apenas via a rapariga com o rosto igual ao seu a dançar e a esvoaçar num esplendoroso vestido verde de shantung e seda. O Danúbio Azul existia no sonho de ambas, ou na realidade das duas, ou no sonho de Carlota e na realidade da bailarina, ou vice-versa, e a jovem continuava perdida no estreito intervalo entre sonho e realidade, sem saber o que lhe estava a acontecer. Permanecia desmaiada, e as im